De uma digitalização ainda maior dos negócios à expansão de modelos de negócios baseados em relacionamento, saiba no que você deve aplicar seus esforços neste novo ano
O ano de 2020 deixou muito claro que é preciso estar atento às movimentações do mercado e às mudanças nos hábitos dos consumidores para aumentar as chances de sucesso. Embora ninguém espere que o Ano Novo seja tão dramático quanto o ano que passou, a aceleração das tendências do varejo coloca as empresas na posição de olhar para o futuro enquanto resolve o presente.
Nos últimos dois anos, apresentamos 7 tendências do varejo para 2020 e 6 pontos estratégicos para o setor em 2019. Mais acertamos do que erramos! Algumas tendências foram impulsionadas pela pandemia, como o novo papel da loja física (um mix de ponto de venda, Centro de Distribuição e local de experiência) e o omnichannel. Outras se firmaram no setor de tecnologia, como Inteligência Artificial e machine learning, que rapidamente se tornam parte do cenário evolutivo do varejo. Dos 13 pontos que levantamos nos últimos dois anos, só dois ainda não “pegaram” (IoT e voice commerce).
Em 2021, os efeitos da pandemia continuarão presentes no varejo, estimulando transformações e gerando novas oportunidades. Vale a pena ficar atento a estas 6 tendências do varejo para o novo ano:
1) Digitalização dos negócios
Atualmente, somente quem oferece experiências de compra excepcionais é capaz de atrair, converter e conquistar clientes. A acelerada expansão do varejo online desde o início da pandemia aumentou a competição, pois trouxe mais lojistas para o e-commerce. Um bom exemplo é o setor de supermercados, tradicionalmente o menos digitalizado do varejo: mesmo com o segmento sendo considerado essencial e mantendo as portas abertas, os principais players do mercado tiveram um aumento de 80% nas vendas logo no início da pandemia – e o ritmo até se acelerou posteriormente.
A situação foi ainda mais intensa em setores que precisaram fechar as portas das lojas durante a crise. Shopping centers, restaurantes, lojas de brinquedos, vestuário, calçados e muitos outros setores reforçaram ainda mais suas iniciativas digitais, tanto no atendimento pré-venda quanto nas transações em si. O futuro do varejo rapidamente se tornou o presente.
A digitalização dos negócios continuará intensa em 2021. O crescimento dos marketplaces, os novos desafios da publicidade digital em um mundo mais competitivo e a necessidade de aumento de eficiência e produtividade são tendências do varejo que só podem ser alcançadas com o uso intensivo de tecnologias digitais.
2) Cultura ágil
A transformação digital do varejo não é um processo somente tecnológico. Na realidade, ela nasce na mudança de cultura das pessoas e das empresas. Para digitalizar seus negócios, as empresas precisam adotar uma nova mentalidade, baseada em agilidade, testes e impermanência. São valores que vieram do mundo da tecnologia:
· Agilidade: faça rápido, antes que o concorrente tenha tempo de agir.
· Testes: quanto mais inovador você for, menos respostas terá. Para encontrar as soluções, é preciso testar e errar, testar e errar, até acertar.
· Impermanência: nada é definitivo, tudo está “em Beta”. Tudo pode ser melhorado.
A adoção desses valores pressupõe uma cultura ágil, disposta a lidar com o erro como parte de um processo de aprendizado constante. Nessa filosofia, boas empresas erram sempre, mas erram rápido e aprendem com esses erros, para não cometê-los novamente. Dessa forma, estão em evolução contínua, sempre acompanhando de perto as necessidades dos consumidores.
3) Um novo ecossistema de pagamentos
A pandemia acelerou a digitalização dos meios de pagamento. O crescimento das carteiras digitais e o avanço das fintechs são apenas parte desse movimento. Em novembro, o Banco Central lançou o PIX, seu sistema de pagamentos instantâneos, que oferece uma série de vantagens em relação aos meios tradicionais.
Mas não é só isso: cartões pré-pagos, gift cards, cashback, criptomoedas, biometria e pagamentos por aproximação passaram a fazer parte do vocabulário das empresas e dos consumidores. Aumentou a maturidade digital do sistema de pagamentos.
Em 2021, o Open Banking trará mudanças na dinâmica do setor financeiro, fazendo com que as informações dos clientes sejam, de fato, deles, e não dos bancos. Reforçado pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), esse conceito abre possibilidades para o varejo reforçar sua presença no setor financeiro e aproveitar o relacionamento que já possui com os clientes para acelerar a formação de ecossistemas de negócios.
4) Hora de “casar” com o cliente
O Custo de Aquisição de Clientes (CAC) gerou grandes discussões ao longo de 2020. A rápida digitalização do varejo elevou os custos da publicidade online e estimulou a busca por novos caminhos para criar, manter e desenvolver relacionamentos com os consumidores.
Alguns desses caminhos passam por novos modelos de negócios, como o e-commerce por assinatura, o varejo D2C e o desenvolvimento de programas de fidelidade premium baseados no pagamento de uma taxa para participar do sistema). Em todos esses casos, o objetivo é o mesmo: diminuir o custo de fazer uma nova venda para o cliente e conhecer o consumidor a ponto de entregar promoções, ofertas e produtos personalizados, para dificultar sua ida para a concorrência.
Neste novo ano, o aumento dos custos de publicidade estimulará a procura por soluções de fidelidade. Quem souber utilizar melhor os dados dos clientes para responder às necessidades e desejos dos consumidores se dará melhor.
5) Multiexperiência
Uma “sopa de letrinhas” circula próximo do marketing e das tecnologias de varejo há algum tempo: AR, VR, MR, XR… Realidade Aumentada, Realidade Virtual, Realidade Mista e Realidade Estendida são variações do uso da tecnologia para misturar o físico e o digital, o real e o virtual, e criar novas experiências de consumo.
Iniciativas neste sentido ganharam corpo com o Pokemon Go, que gamificou visitas aos ambientes de varejo e começou a acostumar os consumidores com o uso desses sistemas. Aplicações mais úteis no dia a dia estão presentes em setores como móveis e vestuário, para facilitar a experimentação de produtos e sua combinação com ambientes e produtos reais. Essa é uma tendência em maturação.
O ano de 2021 verá ainda mais iniciativas de Multiexperiência. A digitalização dos consumidores e os avanços em conectividade (como a tecnologia 5G, que ganha espaço em todo o mundo) fazem com que seja cada vez mais simples colocar aplicações de AR/VR/MR/XR no ar. E, o que é mais importante: em situações práticas, úteis para os clientes e que resolvam problemas cotidianos.
6) O avanço do e-commerce
Não há dúvida de que em 2020 o e-commerce avançou vários anos em questão de meses. No primeiro semestre, as vendas cresceram 47% sobre o mesmo período de 2019, uma expansão que não se via há 20 anos. O ritmo só aumentou: em outubro, a alta foi de incríveis 87%, mostrando que o consumidor abraçou os meios digitais e os varejistas estão mais preparados para atender à demanda.
O e-commerce faz parte do dia a dia dos consumidores. Setores como supermercados e farmácias, de alta recorrência dos clientes, verão grandes inovações, com a aceleração de modelos de negócios omnichannel. Em 2020, espere ver mais recursos como retirada de pedidos online nas lojas físicas, envio de pedidos a partir das lojas, integração de estoque com visibilidade em tempo real, parcerias com marketplaces e com varejistas físicos de outros segmentos para oferecer novos canais de relacionamento.
E com o crescimento das soluções online, aumenta também o nível de exigência dos consumidores. As lojas físicas precisam se adaptar e entregar melhores soluções. O online força o PDV a se reinventar.
Este novo ano será de grandes transformações e da consolidação de tendências do varejo. As lições de 2020 estão sendo absorvidas, e quem for capaz de aprender mais rapidamente dará grandes passos para se relacionar melhor com os clientes, vender mais e melhorar seus resultados.