Pequenos supermercados têm o desafio de acelerar sua transformação digital e ganhar mais eficiência. Saiba como fazer isso
O setor de supermercados é um dos grandes motores do varejo brasileiro, movimentando R$ 366,4 bilhões, ou 6% de todo o PIB do País. Com uma concentração de mercado que tem se mantido estável nos últimos anos (as cinco maiores redes respondem por cerca de 45% das vendas), o setor é marcado por uma infinidade de pequenas lojas que, reunidas ou não em redes associativas, atendem consumidores em suas necessidades básicas de consumo.
O papel dos supermercados ficou ainda mais evidente durante a crise do coronavírus. O chamado “varejo essencial”, que manteve suas portas abertas durante o período de isolamento, teve um forte aumento nas vendas nesse período. Dados compilados pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) mostram que, entre 24 de fevereiro e 18 de março, as vendas do setor avançaram 80% na comparação anual. Grandes e médios varejistas capturaram grande parte desse crescimento, não só por sua presença de mercado, mas também porque aceleraram sua transformação digital para incorporar vendas online e delivery no atendimento aos clientes.
Nesse cenário, como ficam os pequenos? Há espaço para que o varejo independente ganhe competividade no setor supermercadista?
Custo da tecnologia: um mito que cai
Tipicamente, o pequeno varejo supermercadista é formado por lojas de bairro, com área inferior a mil metros quadrados, gestão familiar e operação isolada, sem fazer parte de alguma rede. É um segmento que, por muito tempo, ficou caracterizado por uma gestão “na ponta do lápis”, sem o uso de recursos tecnológicos que eram considerados caros demais.
A evolução do mercado trouxe um novo cenário de competitividade no setor supermercadista. Soluções como sistemas de gestão empresarial (ERPs), gestão do relacionamento com o cliente (CRM), plataformas de e-commerce e gestão do ponto de venda se tornaram muito mais acessíveis. Fornecedores tradicionais de sistemas e startups trouxeram soluções no modelo as a Service, em que o lojista paga uma mensalidade pelo uso daquilo que ele precisa. O resultado é uma aceleração da transformação digital do varejo.
Novas (e tradicionais) formas de vender
A transformação digital não é consequência do Covid-19, mas foi acelerada por ela. Antes da pandemia, 38% dos varejistas já possuíam iniciativas formais para investimentos estratégicos digitais em pessoas, processos e tecnologias, 65% mais que em 2019. E o que se viu com o coronavírus foi um aumento do uso do WhatsApp como canal de vendas. Aliado a outros recursos, como parcerias com aplicativos de entrega e o uso de plataformas de e-commerce de instalação rápida, o setor de supermercados vem se digitalizando de forma acelerada.
Ao mesmo tempo, o ponto de venda tradicional continua sendo de grande importância para a competitividade do setor supermercadista, especialmente para as pequenas empresas. Com os investimentos em acessibilidade, visual merchandising e sinalização, as lojas se tornaram lugares ainda mais atraentes para os clientes. Mesmo com as restrições que virão no pós-Covid, como a necessidade de mais distância entre os clientes nas filas e a higienização intensa de carrinhos e áreas de contato com produtos, os supermercados continuarão sendo um destino importante de compras.
Hora de aproveitar as tendências
No setor de supermercados, dois grandes vetores estão impulsionando as vendas. O primeiro é o preço baixo. A crise econômica de 2015/2016 e o crescimento morno do País nos últimos anos abriu oportunidades para formatos como o atacarejo, que se baseia em uma estrutura espartana para ganhar competitividade.
O segundo vetor de crescimento é a conveniência. Com uma vida corrida, menos consumidores se dispõem a encarar o trânsito para ir a um hipermercado e gastar horas no reabastecimento da casa. Esse não é um movimento exclusivamente brasileiro: 68% dos latino-americanos preferem fazer compras perto de onde moram. No Brasil, o mercadinho de bairro agiliza a compra e os clientes aceitam pagar um pouquinho mais (cerca de 3%) pela praticidade.
Isso cria uma grande oportunidade para os pequenos. A competitividade no setor supermercadista passa por custo baixo e conveniência, e as lojas de vizinhança conseguem entregar as duas coisas.
Pequeno, mas moderno
Para atender consumidores cada vez mais exigentes, não é mais possível ter um supermercado parado no tempo. O pequeno lojista que quer prosperar no mercado precisa estar atento a alguns aspectos essenciais:
1) Conheça seu cliente
Conhecer o cliente não é somente uma questão de dar “bom dia” e oferecer um atendimento caloroso. A importância de saber quem é o consumidor vai muito além. Empresas que possuem um programa de relacionamento obtêm grandes vantagens competitivas:
· Sabem o que cada cliente compra e, por isso, não oferece descontos em produtos que o consumidor já iria comprar;
· Entendem que produtos costumam ser comprados de forma coordenada e, com isso, consegue mudar o layout da loja e realizar promoções que estimulem a venda cruzada;
· Melhoram a gestão do estoque, pois deixam de comprar os produtos que o cliente não consome e compram mais daquilo que tem mais giro. Isso significa mais fluxo de caixa e uma melhor capacidade de negociação com os fornecedores;
· Podem utilizar as informações de comportamento dos clientes para realizar campanhas que gerem melhores resultados.
2) Tenha agilidade
O cliente valoriza seu tempo e tem cada vez menos disposição para aguardar em filas. isso faz com que o supermercadista precise estar atento a pontos como:
· O layout de sua loja, que pode gerar gargalos, impedir a circulação, reduzir as vendas de alguns produtos e gerar insatisfação nos clientes;
· A solução de PDV usada. Terminais antigos, que são lentos e fazem com que os clientes tenham que aguardar mais, não deixam só os clientes infelizes, mas também os colaboradores que atuam no caixa;
· Os meios de pagamento usados. Investir em pagamentos contactless, QR Codes e pagamentos via celular são formas de fazer com que as filas andem mais rápido;
Existem casos de uso de recursos como reconhecimento facial e de voz para acelerar o pagamento. Sistemas desse tipo já estão sendo testados em mercados de vizinhança em São Paulo e, por isso, não pense que é algo de ficção científica: está, na verdade, muito próximo.
3) Atendimento acima de tudo
Investir em tecnologia melhora o atendimento da loja? Sim, embora nem sempre isso fique claro à primeira vista:
· O uso de tecnologias como o mapeamento do movimento dos clientes (por meio das câmeras de segurança) permite identificar as regiões de maior concentração de público e, com isso, repensar o layout para evitar aglomerações. No pós-Covid, isso é ainda mais importante;
· A boa comunicação entre as gôndolas e a retaguarda reduz os casos de produtos que estão no estoque da loja, mas que, como não estão na prateleira, não são vendidos;
· Sistemas mais eficientes de gestão e de processamento de informações fazem com que os colaboradores gastem menos tempo lidando com tecnologia e mais tempo olhando no olho do cliente. isso faz toda a diferença.
O uso de dados reais de comportamento dos clientes é uma grande arma para aumentar a competitividade do setor supermercadista. Felizmente, tecnologia de ponta não é mais exclusividade de grandes redes e está acessível para empresas de todos os tamanhos. Conte com a gente para ajudar você a vender mais!