Para manter a competitividade no setor supermercadista, pequenos supermercados têm o desafio de acelerar sua transformação digital e ganhar mais eficiência. Saiba como fazer isso
O setor supermercadista é um dos grandes motores do varejo brasileiro. Segundo dados do 45º Ranking ABRAS, com base no estudo Estrutura do Varejo, realizado pela NielsenIQ, o setor faturou R$611,2 bilhões em 2021. Ou seja, equivale a 7,03% do PIB do país.
Com uma concentração de mercado que tem se mantido estável nos últimos anos, o setor supermercadista é marcado por uma infinidade de pequenas lojas que, reunidas ou não em redes associativas, atendem inúmeros consumidores em suas necessidades básicas de consumo.
A importância do setor supermercadista ficou ainda mais evidente durante a crise do coronavírus. O chamado “varejo essencial”, que manteve suas portas abertas no período de isolamento, teve um forte aumento nas vendas. Não só isso, foi o setor que mais cresceu, acumulando alta de 9,36% em 2020, segundo o Índice Nacional de Vendas da ABRAS.
Grandes e médios varejistas foram beneficiados com esse crescimento. Isto não se deu somente pela forte presença no mercado, mas também porque aceleraram a sua transformação digital para incorporar as vendas on-line e o delivery no atendimento aos clientes.
Afinal, nesse cenário, como ficaram os pequenos supermercadistas?
Será que ainda há espaço para o varejo independente ganhar competitividade no setor supermercadista? Neste artigo, explicamos como é possível manter-se competitivo, mesmo que o varejista seja dono de uma pequena loja.
Confira!
Alto investimento em tecnologia: um mito que cai
Tipicamente, o pequeno varejo supermercadista é formado por lojas de bairro, com área inferior a mil metros quadrados, gestão familiar e uma operação isolada, isto é, sem fazer parte de alguma rede. É um segmento que, por muito tempo, ficou caracterizado pela gestão “na ponta do lápis”, sem o uso de recursos tecnológicos.
A evolução do mercado, porém, trouxe um novo cenário de competitividade no setor supermercadista. Soluções como um sistema de gestão empresarial (ERPs), gestão do relacionamento com o cliente (CRM), plataformas de e-commerce e até sistemas para gestão do PDV se tornaram muito mais acessíveis. O que beneficiou, também, as pequenas lojas.
O fácil acesso se deve aos fornecedores tradicionais de software e às próprias startups, que trouxeram soluções no modelo SaaS (Software as a Service). Nesta solução, o lojista precisa pagar apenas uma mensalidade para usar as funcionalidades. E o resultado não poderia ser outro: a aceleração da transformação digital do varejo.
Novas (e tradicionais) formas de vender
A transformação digital não é necessariamente uma consequência da Covid-19, mas foi acelerada por ela. Antes da pandemia, 38% dos varejistas já possuíam iniciativas formais para investimentos estratégicos digitais em pessoas, processos e tecnologias, 65% a mais que em 2019.
Agora, esse número cresceu e tende a alcançar patamares mais elevados, uma vez que proporcionar uma boa experiência passou a ser mais notada pelo cliente. De acordo com uma pesquisa divulgada no CX Trends 2022, 86% dos entrevistados afirmam dar preferência para empresas que oferecem uma boa experiência e 74% dizem não se importar em pagar mais caro, caso a experiência seja boa.
Assim, aliando os investimentos em estratégias digitais e a outros recursos, como parcerias com aplicativos de entrega e o uso de plataformas de e-commerce de instalação rápida, por exemplo, o setor supermercadista vem se digitalizando de forma acelerada.
No entanto, ao mesmo tempo em que a transformação digital ganha força, não podemos esquecer que o ponto de venda tradicional continua sendo de grande importância para a competitividade do setor, especialmente para as pequenas empresas.
Afinal, os supermercados ainda são destinos importantes de compras, e as lojas precisam investir na acessibilidade, visual merchandising e sinalização desses locais para tornar seus estabelecimentos lugares cada vez mais atraentes para os clientes.
Aproveite tendências para sobressair no setor supermercadista
Existem dois grandes vetores que atualmente estão impulsionando as vendas no setor supermercadista: o preço baixo e a conveniência.
O crescimento acelerado nos últimos anos abriu oportunidades para modelos de negócio como o atacarejo, que entrega preços mais acessíveis aos clientes e se baseia em uma estrutura espartana para ganhar competitividade.
Com uma vida corrida, menos consumidores se dispõem a encarar o trânsito para ir a um hipermercado e gastar horas no reabastecimento da casa. E aí entra o ponto da conveniência.
De acordo o Sebrae, o número de novos estabelecimentos de comércio varejista em bairros cresceu 12% entre 2020 e 2021, predominando aqueles que vendem produtos alimentícios, por exemplo, de minimercados, mercearias e armazéns. Mostrando, assim, que as pessoas buscam mais praticidade.
Esse fenômeno cria uma oportunidade única para os pequenos. Afinal, embora a competitividade seja grande no setor supermercadista, as lojas de vizinhança conseguem manter-se competitivas por entregar as duas coisas aos clientes: custo baixo e conveniência.
Pequeno, mas moderno
Não é porque a loja é pequena ou fica concentrada em um bairro afastado que ela precisa ser ultrapassada. Se o pequeno varejista quer ter a chance de se destacar e atender os consumidores cada vez mais exigentes, ele não pode ter um supermercado parado no tempo.
Assim, é muito importante que o lojista esteja atento aos seguintes pontos:
1) Conheça o seu cliente
Conhecer o cliente não é somente uma questão de dar “bom dia” e oferecer um atendimento caloroso. A importância de saber quem é o consumidor e quais são suas reais necessidades vai muito além.
Empresas que possuem um programa de relacionamento obtêm grandes vantagens competitivas nesse quesito, sendo as principais:
- Sabem o que cada cliente compra, por isso não oferecem descontos em produtos que o consumidor já iria comprar;
- Entendem que os produtos costumam ser adquiridos de forma coordenada e, com isso, conseguem mudar o layout da loja e realizar promoções que estimulem a venda cruzada;
- Melhoram a gestão do estoque, pois deixam de comprar os produtos que o cliente não consome para adquirir aquilo que tem mais giro. Isso significa mais fluxo de caixa e uma melhor capacidade de negociação com os fornecedores;
- Podem utilizar as informações de comportamento dos clientes para realizar campanhas que realmente geram resultados.
2) Tenha agilidade
O novo perfil de cliente passou a valorizar muito mais o seu tempo e disponibilidade, e tem cada vez menos disposição para aguardar em filas. Isso faz com que o supermercadista precise apostar em estratégias para ser ágil e atender o consumidor.
Nesse sentido, a pequena loja do setor supermercadista deve estar atenta aos seguintes pontos:
- Layout da loja: que pode gerar gargalos, impedir a circulação, reduzir as vendas de alguns produtos e gerar insatisfação nos clientes;
- Solução de PDV utilizada: terminais antigos, que são lentos e fazem com que os clientes tenham que aguardar muito tempo, não deixam apenas clientes infelizes, mas também os colaboradores que atuam no caixa;
- Meios de pagamento: investir em pagamentos contactless, QR Codes e pagamentos via celular são formas de fazer com que as filas andem mais rápido;
- Novas tecnologias: existem casos de uso de recursos como reconhecimento facial e de voz para acelerar o pagamento. Sistemas desse tipo já estão sendo testados em mercados de vizinhança em São Paulo, mostrando que isso não é algo de ficção científica. O futuro está, na verdade, muito próximo.
3) Prioriza o atendimento
Investir em tecnologia melhora o atendimento da loja? Sim! Mas nem sempre isso fica claro à primeira vista, o que acaba desmotivando o pequeno varejista a apostar nas soluções.
Entretanto, eis algumas formas de como a aplicação de tecnologias pode ajudar:
- O uso de tecnologias como o mapeamento do movimento dos clientes (por meio das câmeras de segurança) permite identificar as regiões de maior concentração de público e, com isso, repensar o layout para evitar aglomerações;
- A boa comunicação entre as gôndolas e a retaguarda reduz os casos de produtos que estão no estoque da loja, mas que como não estão na prateleira não são vendidos;
- Sistemas mais eficientes de gestão e de processamento de informações fazem com que os colaboradores gastem menos tempo lidando com tecnologia e mais tempo olhando no olho do cliente;
- O uso de dados reais de comportamento dos clientes é uma grande arma para aumentar a competitividade do setor supermercadista. Felizmente, tecnologias de ponta que fazem a coleta e a análise de dados não é mais exclusividade de grandes redes, e está acessível para empresas de todos os tamanhos.
Preparado para manter a competitividade da sua loja no setor supermercadista? Caso tenha ficado dúvidas, conte com a gente para ajudar você a inovar e vender mais!