Diversas categorias de produtos tiveram um forte crescimento nas vendas; análise de dados permite identificar com precisão o comportamento dos consumidores.
A epidemia de Covid-19 (coronavírus) trouxe uma profunda disrupção sobre o varejo. Em pouquíssimo tempo, comportamentos de consumo foram transformados e isso trouxe uma pressão extra sobre as empresas. De uma hora para outra, o planejamento de estoques das marcas deixou de fazer sentido.
A lógica da crise atual tem muito mais a ver com uma lógica de guerra: incerteza sobre o tempo de duração, paralisação de negócios, restrições à circulação de pessoas e dificuldades logísticas. Mas, guardadas as devidas proporções, o Brasil passou por situações semelhantes, como no confisco da Poupança em 1990, no “toque de recolher” do PCC em São Paulo em 2006 e na greve dos caminhoneiros em 2018. O mundo vive uma situação extrema, mas é possível seguir em frente.
O varejo vem mostrando que é resiliente e flexível, adaptando suas operações para atender às limitações de funcionamento. O fechamento de shopping centers, por exemplo, acelerou o omnichannel nas empresas que estavam preparadas. Com isso, boa parte do varejo continua funcionando e não sentirá tanto os impactos dessa crise.
Na Propz, adotamos o home office e estamos seguindo todas as recomendações do Ministério da Saúde para a proteção de nossa equipe e de suas famílias. Ao mesmo tempo, temos mantido a prestação de serviços ao varejo neste momento, contribuindo para que as empresas, com inteligência, consigam adaptar suas operações e atender seus clientes.
Nossa base de dados conta com mais de 105 milhões de CPFs processados por mês, em um total de compras que supera R$ 7,5 bilhões, e permite entregar mais de 22 milhões de interações personalizadas para os consumidores mensalmente. Com base nos dados desta base, percebemos uma mudança profunda no comportamento de compras nos últimos dias, por causa da crise do Covid-19.
O que mudou no consumo nos últimos dias?
Enquanto a maior parte do varejo encara os efeitos do fechamento das lojas físicas, segmentos considerados essenciais, como supermercados e farmácias, convivem com o cenário oposto, de demanda muito acima da média.
Dados coletados em nossa base de dados mostram, por exemplo, que nos primeiros 20 dias de março, as vendas de produtos como papel higiênico, arroz, itens de limpeza e toalhas de papel tiveram altas expressivas, refletindo uma mudança radical no comportamento dos consumidores. Nesses casos, o público passou a estocar para momentos de necessidade: as vendas desses itens vinham em queda em janeiro e fevereiro, pois os consumidores estavam preferindo comprar outros produtos e manter estoques mínimos desses itens.
Sabonetes, chá, leite em pó, desinfetante, pratos prontos e peixe em lata são outros casos de forte crescimento, com volumes de compra bastante superiores aos do ano passado. O setor de farmácias, depois de dois meses de redução no consumo, foi outro a apresentar uma forte procura pelos consumidores.
Nas últimas semanas, em que a crise do Covid-19 desembarcou no Brasil, houve uma mudança clara de comportamento dos clientes. Produtos essenciais, que eram comprados em quantidades menores, passaram a ser estocados. Evidentemente, outros itens, especialmente ligados a bens duráveis e semiduráveis, sofrem mais nesse momento.
Os dados indicam que, nas próximas semanas, o consumidor tende a consumir o que for estritamente necessário. Isso tem um impacto fortíssimo sobre muitas categorias de produtos, em que o consumo pode ser adiado ou que costumam estar ligados a ocasiões sociais (bebidas e snacks, por exemplo).
Como lidar com esse novo comportamento de consumo?
O primeiro passo para o varejo superar esse momento é entender as mudanças de comportamento dos clientes. Cada categoria apresenta um desempenho diferente e, por isso, cada varejista é impactado de forma diferente pelos efeitos da crise.
As empresas precisam estar atentas a alguns pontos:
· Quais foram as mudanças na demanda por produtos nas últimas semanas?
· Houve migração para canais digitais e para soluções de entrega omnichannel?
· Essas mudanças são pontuais ou indicam alterações mais definitivas de comportamento? A compra de volumes maiores de papel higiênico pode não se sustentar no longo prazo, mas a de alimentos saudáveis, sim.
· Como reorganizar os estoques nesse período, considerando essas alterações de demanda e as restrições logísticas e de produção?
A digitalização do varejo irá se acelerar para atender aos negócios neste ambiente de distanciamento social e queda da atividade econômica. O e-commerce e o pick-up in-store irão ganhar espaço, ao lado do uso de meios digitais de pagamento, como wallets. Da mesma forma, o relacionamento com o cliente muda nesses tempos de crise: o marketing digital passa a ser o principal meio de contato com os consumidores.
Nestes tempos incertos, o uso de Inteligência Analítica para compreender rapidamente as mudanças de comportamento dos clientes, antecipar movimentos e identificar oportunidades de atender melhor os consumidores faz com que as empresas se tornem mais relevantes no mercado. Além disso, permite equilibrar as margens, desenvolver ações mais assertivas e aumentar a eficiência das campanhas e promoções. A coleta e a análise de dados ajudarão o varejo a superar mais rapidamente os efeitos da crise do Covid-19.